Caroline Gomes e Hiago Maia
Partindo da análise de alguns casos isolados de atletas que apresentaram as mais diversas reações advindas de abalos psicológicos, é possível que se conclua que existem indivíduos que estão mais vulneráveis a esse tipo de ação. Alguns atletas – não satisfeitos com uma única exibição de acessos de fúria, revolta ou compulsivas crises de choro – voltam a protagonizar cenas desse tipo, o que acaba atraindo a atenção do público, sobretudo da mídia.
A atleta do volei, Mari, parece representar um desses casos.
Nascida em 1983, no Paraná, Marianne Steinbrecher acumula em seu histórico vencedor diversos títulos, tanto pela seleção brasileira, quanto pelos diversos clubes em que atuou, sendo considerada por especialistas como uma das melhores atacantes do mundo. Não é só pelo talento porém, que a jogadora é conhecida do grande público. Chamada por muitos de Ice Women (mulher de gelo, na tradução literal do inglês), Mari chama a atenção pelo comportamento frio que apresenta em quadra, bem como pelas muitas situações repetidas através dos anos, em que deixa completamente visível sua forte personalidade.
Os indícios surgiram em 2004, quando a atleta disputava os Jogos Olímpicos de Atenas. Era uma semifinal, do outro lado da quadra estava uma forte seleção russa, que até o momento se encontrava derrotada em sets por 2 x 1. No quarto set, o placar marcava 24 x 19 à favor das brasileiras e bastava colocar uma bola no chão adversário para que o Brasil avançasse a uma inédita final olímpica. Pesou então a responsabilidade da maior atacante: Mari recebeu praticamente todas as bolas seguintes, errando consecutivamente. O que parecia improvável aconteceu, as russas viraram o set e venceram o jogo, naquele que pode ser considerado o mais duro golpe sofrido pelo volei brasileiro.
Passados quatro anos, contando com atuações espetaculares de Mari,o Brasil finalmente sagrou-se campeão olímpico, na China. Tomada por incrível euforia, a jogadora se dirigiu às cameras e fez um emblemático gesto de “cala a boca”, fazendo alusão ao fato de ter sido injustamente responsabilizada pela fatídica derrota em Atenas. Essa atitude teve repercurssão internacional, gerando comentários de repreensão.
Acalmados os ânimos da conquista olímpica e após passar dois anos atuando por um clube italiano, Mari foi repatriada para defender o São Caetano/Blausiegel na Superliga de volei,onde voltou a atrair holofotes para o seu comportamento. Durante um dos jogos, o técnico da equipe optou pela substituição da atleta, que se indignou e chegou a jogar bruscamente uma plaquinha ao chão. Um episódio também marcante, foi quando Mari respondeu às provocações da torcida adversária direcionando para as arquibancadas o gesto de uma “banana”.
A “jornada” da loira não para por aí. Recentemente, após ser cortada da lista das relacionadas para os Jogos Olímpicos de Londres, Marianne fez duras e abertas críticas ao técnico da seleção José Roberto Guimarães, revelando um clima ruim existente entre o técnico e demais jogadoras. Cogitou inclusive, se naturalizar e defender a seleção da Alemanha nas próximas competições (já que também possui nacionalidade germânica), demonstrando aparente descaso com a seleção brasileira.
Confira nossa reportagem: O olhar da especialista
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