Dando início à série de entrevistas da reportagem Novos Talentos, conversei com o escritor Daniel Corrêa (22). Carioca, apaixonado por literatura, Daniel publicou o seu primeiro livro, “Bucolidade Urbana”, aos 15 anos. Desde então, faz da escrita, do cheiro das páginas, sua companhia mais fiel.
Confira abaixo o nosso bate-papo:
Pedro Ferreira: Daniel, você escreve livros desde o início da sua adolescência. Em algum momento, por ser jovem, você sofreu rejeição ou teve receio da crítica?
Daniel Corrêa: Eu realmente nunca tive medo de críticas. Sempre gostei de escrever e acabava escrevendo realmente pra mim. O meu primeiro livro teve mais visibilidade da crítica na época do que o meu último, apesar da diferença de qualidade e maturidade ser absurda. Quando você é novo pode entrar naquela cota da “juventude exemplo”, que me colocaram tantas vezes. Mas não sou muito ligado na crítica literária, ela cria uma elitização, uma seleção do que é arte ou não, que me incomoda. Tudo escrito é a verdade de alguém, seja ela escancarada ou só uma verdade guiada por dinheiro.
PF: Quais são as principais dificuldades encontradas por um jovem escritor na produção da sua obra?
DC: Uma amiga minha disse ontem que tem um momento crucial na vida das mulheres, que é notar que não existe o príncipe encantado. Pois é, para o escritor é só isso, notar que não existe a editora encantada. Escrever é fruto de um trabalho barato e que só depende da própria pessoa, e hoje temos tantas janelas de leitura, é só saber levar a sua obra ao público certo. A dificuldade pra muita gente é notar que é ela que tem que fazer isso.
PF: O produto de um adolescente é visto da mesma forma?
DC: Não. Ele é visto como um produto ainda não pronto ou uma literatura inferior. Mas, em geral, é só um produto imaturo e apressado, como tudo que se passa na adolescência.
PF: Em que ponto a experiência interfere na realização da obra? Ela é limitadora para se fazer coisas criativas e bem feitas?
DC: Ela é libertadora. Você para de se preocupar em acertar o modo de contar a história e foca nela totalmente. Quanto mais você fizer, mais vai saber.
PF: Existe uma idade ideal para começar a produzir (música, filme, livro, etc)?
DC: O mais cedo. Deve se incentivar a criança a ter expressividade assim que ela aprende a ler e escrever. Isso devia vir junto da formação, sabe. Não digo produzir algo, mas saber contar algo. Hoje idade certa é a que o criador se sente confortável com o que fez, mesmo sabendo que uma obra é uma tatuagem que vai ficar na pele dele por toda a vida.
PF: Como as empresas tratam esses jovens talentos? Elas valorizam quem é criativo na juventude?
DC: Elas valorizam a criatividade. São tempos complicados pra comunicação, qualquer um que tem uma ideia diferente, mesmo ela sendo medíocre às vezes, é um gênio. Eu, na maioria das vezes, escondo esse meu lado em entrevistas, mas é porque quero manter meus trabalhos como amor e não como portfólio.